sexta-feira, 25 de julho de 2014

Capítulo II

Fabrício fitava a amiga surpreso, ela sorriu e ele olhou para o dedo onde agora tinha uma fita amarrada.
- Eu...
Sua resposta é interrompida por passos rápidos vindos em sua direção, ambos olham para frente dando de cara com barão nada contente.

Anos Depois.

Fabrício estacionou seu carro do lado de fora da fazenda Brilho do Sol, ele desceu fechando a porta e encarando seu antigo lar. Voltar de uma viagem de navio da Europa fez com que ele sentisse saudades de lá, memórias ruins retornavam em sua mente ao apenas encarar a fazenda.
Ele sabia o que iria encontrar ao entrar, sua mãe e seu pai egocêntrico, ele não estava preparado para isso. Fabrício avistou árvores e arbustos e se lembrou de que era aquele caminho que pegava para chegar na cachoeira Jataramá, então seria para lá que ele iria antes de voltar para casa.
Enquanto caminhava ele se lembrava de memórias antigas, de quando era um pequeno menino. Ele pôde ouvir o barulho da cachoeira se aproximando e por um momento conseguiu ouvir uma risada, e logo pensou “Valquíria”. Fabrício balançou a cabeça expulsando as lembranças e então parou de andar vendo uma mulher sentada em uma rocha esfregando uma roupa branca.
A moça olhou para ele e seu coração disparou.
- Valquíria?
O nome pairou no ar.
- Fabrício?
Sem pensar ele correu em direção a ela e tocou seu rosto. Ela sorriu e Fabrício reparou algo em sua testa e bochechas. Cicatrizes.
- O que houve com você?
Ela não respondeu e encarou a mão dele onde uma fita suja estava frouxa em seu dedo.
- Você a guardou... - lágrimas brotaram em seus olhos escuros.
Mesmo ela evitando o assunto ele sabia o que era. Seu pai, o barão, havia feito algo com ela naquela noite e as cicatrizes estavam conectadas ao ocorrido.
- Ele te machucou não foi? - perguntou.
Ela o abraçou e os dois sentaram e conversaram, de como a vida esta hoje em dia e das lembranças de um passado nunca esquecido.
Os dias se passavam e os dois sempre davam um jeito de se encontrar escondidos. Então, um dia, ao por do sol, Valquíria correu e se jogou nos braços dele.
- Preciso retornar o mais rápido possível. - disse ela. - Minha mãe está começando a desconfiar.
- Tudo bem. - disse ele sorrindo. - Eu preciso te perguntar algo.
Ela o encarou nos olhos.
- Diga Fabrício.
- O que você sente por mim?
Ela o surpreende com um beijo e então se afasta com medo de sua reação. Então ele a pega pela cintura pressionando-a contra seu corpo e a beija.
Ao anoitecer, Valquíria corre apressadamente em direção à cozinha da fazenda, onde Jana estava em frente ao fogão preparando o jantar que deverá ser servido quando o barão retornasse da igreja com sua esposa.
- Jana! - exclamou a mulher feliz. - A senhora não vai acreditar.
- O que aconteceu minha jovem? - Jana larga a tampa da panela na pia e anda até ela.
- Eu e o Fabrício... - ela hesitou e então continuou. - Nos beijamos na cachoeira.
Jana espantada diz:
- Eu não acredito!
A animação de Valquíria sumiu com a reação de Jana.
- O que houve? - perguntou ela não entendendo.
- Eu não acredito! - repetiu - Não acredito que sua mãe deixou isso acontecer.
Helena estava parada atrás da porta da cozinha espantada pela revelação de sua filha, muito nervosa ela abre a porta surpreendendo ambas.
- Eu não acredito, Valquíria! Quantas vezes eu já disse para você ficar longe daquele homem?! De toda aquela família!
- Mas mãe por que...
- Por quê? Precisa de um por quê? - ela disse com autoridade e Valquíria se calou - Você me desobedeceu, volte agora para a senzala que lá é seu lugar!
Valquíria sai da cozinha em prantos e esbarra com Fabrício que a segura em seus braços.
- O que houve? Porque está chorando? - perguntou ele preocupado.
Os dois andam até a sala que estava vazia onde ficam conversando sobre a situação.
- Vamos assumir nosso romance então. - disse Fabrício.
- Está ficando louco? – perguntou. - É pura insanidade.
Os dois ouvem passos distantes se aproximando, então se escondem atrás do sofá de couro. Miguel deixa seu chapéu-coco sob a mesa de centro e sua bengala encostada no canto da parede, Madalena se senta ao sofá e Fabrício e Valquíria continuam em silêncio temendo que fossem descobertos ali.
Helena entra na sala.
- Você sabe o que aconteceu? - perguntou com autoridade.
Os dois olham espantados pelo tratamento da escrava.
- Como ousa falar assim comigo, sua negra! - exclamou o barão nervoso.
- Seu filho e minha filha se beijaram essa tarde na cachoeira! - voltou a gritar Helena.
Madalena se levantou.
- E aonde você quer chegar?
- Você ainda não contou a ela Sr. Miguel? - falou Helena em um tom irônico deixando-o tenso.
Madalena olhou para ele curiosa.
- A criança que você agrediu anos atrás por se encontrar com seu filho escondido várias vezes... - começou a falar sem medo. - Valquíria! É filha do barão Miguel.
Fabrício que encarava o chão olhou para Valquíria que também não entendia nada. Ele se levantou e todos olham para ele e o mesmo fez Valquíria.
- O que? - indagou Fabrício incrédulo.

O silêncio caiu na sala.

3 comentários:

  1. Ótima história! Doido pra ler o desfecho :)
    Parabéns para as escritoras.

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  2. *O* Valquiria filha do barão, omg !
    Queroo logo o proximo capítulo haha.

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