Fabrício
fitava a amiga surpreso, ela sorriu e ele olhou para o dedo onde agora tinha
uma fita amarrada.
-
Eu...
Sua
resposta é interrompida por passos rápidos vindos em sua direção, ambos olham
para frente dando de cara com barão nada contente.
Anos
Depois.
Fabrício
estacionou seu carro do lado de fora da fazenda Brilho do Sol, ele desceu
fechando a porta e encarando seu antigo lar. Voltar de uma viagem de navio da
Europa fez com que ele sentisse saudades de lá, memórias ruins retornavam em
sua mente ao apenas encarar a fazenda.
Ele
sabia o que iria encontrar ao entrar, sua mãe e seu pai egocêntrico, ele não
estava preparado para isso. Fabrício avistou árvores e arbustos e se lembrou de
que era aquele caminho que pegava para chegar na cachoeira Jataramá, então
seria para lá que ele iria antes de voltar para casa.
Enquanto
caminhava ele se lembrava de memórias antigas, de quando era um pequeno menino.
Ele pôde ouvir o barulho da cachoeira se aproximando e por um momento conseguiu
ouvir uma risada, e logo pensou “Valquíria”. Fabrício balançou a cabeça
expulsando as lembranças e então parou de andar vendo uma mulher sentada em uma
rocha esfregando uma roupa branca.
A
moça olhou para ele e seu coração disparou.
-
Valquíria?
O
nome pairou no ar.
-
Fabrício?
Sem
pensar ele correu em direção a ela e tocou seu rosto. Ela sorriu e Fabrício
reparou algo em sua testa e bochechas. Cicatrizes.
-
O que houve com você?
Ela
não respondeu e encarou a mão dele onde uma fita suja estava frouxa em seu
dedo.
-
Você a guardou... - lágrimas brotaram em seus olhos escuros.
Mesmo
ela evitando o assunto ele sabia o que era. Seu pai, o barão, havia feito algo
com ela naquela noite e as cicatrizes estavam conectadas ao ocorrido.
-
Ele te machucou não foi? - perguntou.
Ela
o abraçou e os dois sentaram e conversaram, de como a vida esta hoje em dia e
das lembranças de um passado nunca esquecido.
Os
dias se passavam e os dois sempre davam um jeito de se encontrar escondidos.
Então, um dia, ao por do sol, Valquíria correu e se jogou nos braços dele.
-
Preciso retornar o mais rápido possível. - disse ela. - Minha mãe está
começando a desconfiar.
-
Tudo bem. - disse ele sorrindo. - Eu preciso te perguntar algo.
Ela
o encarou nos olhos.
-
Diga Fabrício.
-
O que você sente por mim?
Ela
o surpreende com um beijo e então se afasta com medo de sua reação. Então ele a
pega pela cintura pressionando-a contra seu corpo e a beija.
Ao
anoitecer, Valquíria corre apressadamente em direção à cozinha da fazenda, onde
Jana estava em frente ao fogão preparando o jantar que deverá ser servido
quando o barão retornasse da igreja com sua esposa.
-
Jana! - exclamou a mulher feliz. - A senhora não vai acreditar.
-
O que aconteceu minha jovem? - Jana larga a tampa da panela na pia e anda até
ela.
-
Eu e o Fabrício... - ela hesitou e então continuou. - Nos beijamos na
cachoeira.
Jana
espantada diz:
-
Eu não acredito!
A
animação de Valquíria sumiu com a reação de Jana.
-
O que houve? - perguntou ela não entendendo.
-
Eu não acredito! - repetiu - Não acredito que sua mãe deixou isso acontecer.
Helena
estava parada atrás da porta da cozinha espantada pela revelação de sua filha,
muito nervosa ela abre a porta surpreendendo ambas.
-
Eu não acredito, Valquíria! Quantas vezes eu já disse para você ficar longe
daquele homem?! De toda aquela família!
-
Mas mãe por que...
-
Por quê? Precisa de um por quê? - ela disse com autoridade e Valquíria se calou
- Você me desobedeceu, volte agora para a senzala que lá é seu lugar!
Valquíria
sai da cozinha em prantos e esbarra com Fabrício que a segura em seus braços.
-
O que houve? Porque está chorando? - perguntou ele preocupado.
Os
dois andam até a sala que estava vazia onde ficam conversando sobre a situação.
-
Vamos assumir nosso romance então. - disse Fabrício.
-
Está ficando louco? – perguntou. - É pura insanidade.
Os
dois ouvem passos distantes se aproximando, então se escondem atrás do sofá de
couro. Miguel deixa seu chapéu-coco sob a mesa de centro e sua bengala
encostada no canto da parede, Madalena se senta ao sofá e Fabrício e Valquíria
continuam em silêncio temendo que fossem descobertos ali.
Helena
entra na sala.
-
Você sabe o que aconteceu? - perguntou com autoridade.
Os
dois olham espantados pelo tratamento da escrava.
-
Como ousa falar assim comigo, sua negra! - exclamou o barão nervoso.
-
Seu filho e minha filha se beijaram essa tarde na cachoeira! - voltou a gritar
Helena.
Madalena
se levantou.
-
E aonde você quer chegar?
-
Você ainda não contou a ela Sr. Miguel? - falou Helena em um tom irônico
deixando-o tenso.
Madalena
olhou para ele curiosa.
-
A criança que você agrediu anos atrás por se encontrar com seu filho escondido
várias vezes... - começou a falar sem medo. - Valquíria! É filha do barão
Miguel.
Fabrício
que encarava o chão olhou para Valquíria que também não entendia nada. Ele se
levantou e todos olham para ele e o mesmo fez Valquíria.
-
O que? - indagou Fabrício incrédulo.
O
silêncio caiu na sala.
Ótima história! Doido pra ler o desfecho :)
ResponderExcluirParabéns para as escritoras.
Melhor história que já li ! :D
ResponderExcluir*O* Valquiria filha do barão, omg !
ResponderExcluirQueroo logo o proximo capítulo haha.