sexta-feira, 27 de junho de 2014

Capítulo I

Esta é uma historia que se passa nos século XIX na fazenda Brilho do Sol que fica no interior do Brasil, fazenda a qual morava o Barrão Manuel com sua esposa Madalena. Madalena foi obrigada por seu pai a casar com o Barrão pelo dote que iria receber, por conta disso eles nunca foram muito felizes juntos. Barrão era um homem que caráter forte, traiçoeiro, canalha, ignorante e turrão, já Madalena era uma moça linda que ainda muito jovem que sempre acreditou no amor verdadeiro, mas sabia que agora casada com Barrão ela não teria mais chances de viver seu sonho. Manuel tinha que ter um herdeiro para comandar toda a fazenda quando ele se fosse, mas a ultima coisa que Madalena queria dar a ele era um filho.
      Madalena era muito jovem e acreditava que não deveria ficar presa naquela fazenda. Um dia seu marido teve que fazer uma viajem a trabalho de exatos dois dias, Madalena aproveitou a oportunidade para encantar o capanga de barrão com sua beleza, e assim sair apenas mais uma noite, Vicente um capanga forte e avantajado não pode resistir aos encantos da moça, então a levou até a cidade, mas com a condição que ele não sairia de perto dela, ela aceitou. Madalena teve sua ultima noite livre, dançou e bebeu a noite toda, tanto que não se lembra ao certo o que mais a de ter feito.
    Alguns meses depois Madalena surpreende seu marido com a noticia que estava aguardando um herdeiro que ele tanto quer, Barrão adorou a noticia, pois finalmente teria um herdeiro. Manuel sabia que estava ficando velho e achou que seria difícil conseguir engravida-la.
    Na fazenda Brilho do Sol havia uma senzala que vivia sofridamente Helena e vários escravos, a moça era uma negra belíssima e muito jovem, por onde passava despertava olhares, porém por ser negra ninguém queria assumir nada com ela, apenas namoricos de vez em quando. A moça ficou gravida no mesmo tempo que Madalena, alegando que seu filho era de Luizum outro escravo.
       O tempo se passou e o bebê de Helena nasceu, Valquíria uma mulatinha linda, o que alarmou duvidas para Luiz, que estranhou o fato da filha nascer mulata, mas relevou pois sabia que Helena nunca fora das mais comportadas e negar sua filha não viria ao caso no momento. Dois meses depois nasce o filho de Madalena com o Barrão, Fabrício que também nasceu de cor mulata, Manuel não gostou nem um pouco de ver que seu filho não nasceu totalmente branco, mas sabia que não haveria chances do filho não ser dele, pois todas as vezes que ele saia deixava seu capanga, de olho em Madalena, Vicente era o homem que Manuel mais confiava.
    Jana era uma senhora bondosa e escrava que cuidava dos afazeres do lar, cuidou de Fabrício a infância inteira, com isso pegou muito afeto pelo garoto, se sentia como a mãe dele. Nos dias em que os patrões estavam fora Jana deixava que ele fosse brincar nos arredores da fazenda, pois tinha pena do menino que ficava o dia todo preso dentro de casa sem poder fazer nada, sem nem um amigo, Jana sabia o quanto era ruim ficar preso como um animal.E foi em uma dessas saídas que ele conheceu Valquíria. Estava andando em direção à cachoeira Jataramá quando avistou a bela garotinha.
- Oi, qual o seu nome? –Disse Fabrício entusiasmado.
- Meu nome é Valquíria, e o seu?
Fabrício. Você mora aqui?
- Sim, moro com a minha mãe na senzala da fazenda Brilho do Sol...
- Nossa eu moro nessa fazenda! Eu não tenho nem um amigo, meus pais não me deixam sair muito... Você quer ser minha amiga?
- Sim! Eu também não tenho muitos amigos aqui.
- Tá bom, que tal irmos à cachoeira, Valquíria?
- Claro, eu adoro ir lá.
    Os dois se divertiram a tarde toda, mas estava escurecendo e Fabrício tinha que ir para a casa antes que seus pais chegassem.
- Valquíria, agora eu tenho que ir embora, esta escurecendo e logo meus pais irão chegar. Mas amanha eu volto para brincarmos mais.
- Tudo bem, eu te acompanho.
    E assim os dois voltaram à fazenda, deixando marcado um próximo encontro. Logo que chegou Fabrício foi correndo tomar um banho, assim que saiu seus pais chegaram.
    A família do barrão nunca foi muito unida, seus jantares sempre foram silenciosos, mas nesta noite, mesmo sabendo que não deveria contar, Fabrício estava tão contente que deixou escapar.
- Papai, mamãe vocês sabiam que tem uma criança que vive na senzala aqui da nossa fazenda? O nome dela é Valquíria e ela é muito legal, ela falou que vai ser minha amiga!
O barrão ficou muito assustado com a noticia, não sabia que havia uma criança lá, pois não gostava de manter muito contato com os escravos. Imediatamente correspondeu a sua surpresa.
- Como você sabe disso, moleque?
- A Jana me deixou sair esta tarde, estava indo a caminho da cachoeira quando a vi.
- Jana deixou você sair? – Disse o barrão furioso, se levantando da mesa–Fabrício não quero você se juntando com aquele povo, eles são negros, são escravos, devem te servir, não ser seus amigos. Não quero mais você fora dessa casa sem a minha autorização.
    Madalena se assustou com a reação do marido. Já Fabrício foi correndo para o seu quarto chorando, pois não poderia ir à seu encontro com valquíria.
    No dia seguinte viu que Jana na cozinha fazendo um bolo de fubá, isso era normal, mas Fabrício era uma criança muito inocente e estranhou o fato de Jana estar  muito mal e ferida, ela não quis lhe dizer o motivo, não queria preocupa-lo. Fabrício estranhou e foi perguntar a sua mãe o que havia acontecido com a pobre escrava que tanto gostava.
- Mamãe o que aconteceu com Jana, porque ela esta assim? – Disse o menino agoniado.
- Seu pai ordenou que seu capanga Vicente desse uma coça nela por tê-lo deixado sair ontem de tarde.
- Porque o papai fez isso? Ela só queria me ajudar
- Não discuta, Fabrício! – Disse a mulher enfurecida com toda a preocupação do garoto com a escrava.
    Na mesma tarde Fabrício foi até Jana.
- Jana me desculpa eu não sabia que meu pai fosse ficar tão furioso, eu não queria que acontecesse isso com você!
- Tudo bem, meu menino. Eu não poderia ter deixado você sair, é uma regra e eu não a cumpri.
- Obrigada por me ajudar e não disser que fui eu quem pediu.
- Imagina, Fabrício nunca iria te culpar por algo.
- Jana, posso te pedir um favor?
- Diga.
- Já que você é uma escava e pode ir até senzala, você poderia avisar a Valquíria que não vou poder ir ao nosso encontro?
- Claro que aviso.
- Muito obrigada, agora tenho que ir para minha aula, até mais.
- Até, meu querido.

    Dois anos se passam, agora Fabrício tem oito anos de idade e ainda sim não pode sair de casa, porem a vontade de sair e reencontrar Valquíria não acaba, ele nunca esqueceu aquela tarde, a melhor da vida dele, ainda sonha em viver tudo aquilo novamente, não sabia que ter uma amiga fosse tão divertido.
    Em uma tarde Fabrício percebe que seus pais saíram e junto foi seu capanga, por tanto a casa estava sem vigias. O garoto foi correndo até a senzala atrás de sua amiga, quando chegou lá ficou assustado com as condições em que viviam, sem contar os olhares surpreendidos de escravos. Logo Valquíria apareceu e os dois foram correndo até a cachoeira, no caminho Fabrico contou tudo que havia acontecido, e que seria difícil eles se encontrarem. A mocinha entende, mas fica muito triste por perder seu amigo que tanto lhe fez falta. Nesta tarde eles se divertiram como nunca.
- Valquíria você mora lá né?
- Sim.
- Mas como vocês conseguem lá é sujo, não tem lugar para dormir, não tem nem banheiro.
- Fabricio meus pais são escravos e eu também, assim como todo aquele povo, nós sofremos sim morando lá e fazendo tanto trabalho, mas ali é o nosso lugar.
- Mas porquê?
- Fabricio, Fabricio... Nós somos negros, você e sua família são brancos, essa é a diferença.
- Eu não vejo diferença nenhuma, você é como eu, sua cor não tem nada ver.
- Mas não é isso que pensam.
- Mas deveria, você é minha melhor amiga e um dia eu vou te tirar dessa.
- Quem sabe um dia isso acabe mesmo... Lá é triste, mas também é divertido as vezes, tem noites que conseguimos fazer algumas festas, essas noites são raras, mas são muito divertidas.
- Eu não sei o que é ter uma noite divertida.
- Um dia você pode ir comigo, quando tiver eu te aviso.
- Seria ótimo.
    Os dois se divertiram como nunca esta tarde, apensar de Fabrício ficar bastante intrigado com a vida que ela e todos os escravos levavam.  Quando o sol estava a se pôr, Fabrício viu uma rosa vermelha ao lado da cacheira.
- Valquíria olhe que flor linda!
- Nossa, que rosa linda, e muito cheirosa também.
- Ela é bonita e delicada como você. Pena que não vou mais conseguir te ver.
   Valquíria pegou duas fitas que estavam amarradas em seu cabelo e amarrou uma delas no dedo de Fabrício.
- Esta vendo essa fita? Ela representa a nossa amizade, bonita e delicada como esta rosa. E enquanto a ultima rosa existir nesse mundo pode ter certeza que eu vou estar te esperando, talvez eu não possa te ver amanha e nem depois, mas sempre estarei esperando você. Você vai vir quando puder, mesmo que seu pai não queira que você me veja porque sou negra? – Disse a garota ansiosa, e com medo da reação do amigo que aparentou tão surpreso com a atitude de Valquíria.



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